segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O ataque do vampiro

O universo que envolve os morcegos é cheio de mitos: “Os morcegos são ratos de asas”, “Eles procuram pessoas para chupar o seu sangue”, “Quem é mordido por morcego vira vampiro” e outras coisas do tipo. Se por um lado espalhar essas histórias pode até ser divertido, por outro isso contribui para consolidar muitas idéias erradas sobre esses animais. As pessoas, em geral, já não simpatizam nem um pouco com morcegos. Saber, então, que eles são um importante transmissor de doenças como a raiva, a histoplamose e salmonelose pode levar muitos a pensar que o melhor mesmo seria exterminar todos eles.

De fato, as populações de morcegos precisam ser controladas para evitar a disseminação de doenças, mas não se pode, de forma alguma, querer exterminá-los.Antes de tudo, é preciso esclarecer que, ao contrário do que muita gente pensa, os morcegos não são ratos. Eles são, sim, mamíferos classificados em uma ordem própria, chamada Quiróptera (do grego, cheiro, “mão”, pterón, “asa”). Os morcegos têm asas que se parecem com a mão humana, porém seus dedos são alongados e ligados por uma pele, o que lhes possibilita voar. Os morcegos são, assim, os únicos mamíferos que voam e, por si só, esse já é um motivo para olharmos com mais respeito esses animais.

Além disso, das cerca de mil espécies de morcegos existentes no mundo, 70% se alimenta de insetos, como pernilongos, besouros, percevejos e mariposas. Outros comem frutos, flores, folhas, néctar e pólen e alguns poucos comem escorpiões, rãs, pererecas, pequenos peixes, camundongos, aves e outros morcegos. Apenas três espécies de morcegos se alimentam de sangue (hematófagos ou vampiros), sendo que, destas, só uma, o Desmodus rotundus, se alimenta de sangue de mamíferos. Este é o morcego que normalmente transmite a raiva para o homem, mas nem todos estão contaminados.Os morcegos desempenham ainda um importante papel ecológico, como predadores primários de um grande número de insetos voadores noturnos, inclusive de pragas que causam problemas à agricultura.

Além disso, muitas plantas de valor nutritivo e econômico, como cajueiros, figueiras e mangueiras, dependem dos morcegos para a polinização e dispersão de sementes.Portanto, não saia por aí matando ou maltratando morcegos. Como todos os animais silvestres, eles são protegidos por lei. Somente órgãos de saúde autorizados pelo governo podem fazer a captura e efetuar a morte desses animais. Até porque você também pode ser atacado ao tentar matá-lo. Se você encontrar morcegos em sua casa ou em alguma construção, procure isolar o cômodo e peça orientação ao Centro de Controle de Zoonoses da sua região. Veja, a seguir, um dos procedimentos recomendados:
• Verifique os espaços abertos de entrada e saída dos morcegos no abrigo;
• feche esses espaços, deixando apenas uma passagem aberta para saída dos animais;
• quando os morcegos saírem, vede esse ponto provisoriamente com jornais ou panos (isso deve ser feito antes de amanhecer);
• no dia seguinte, antes de escurecer, retire essa vedação para a saída dos animais que tenham eventualmente permanecido no abrigo;
• então, feche novamente a passagem, dessa vez de forma definitiva;
• nunca utilize produtos químicos para espantar os morcegos.
Caso você more em um local em que haja muitos morcegos, previna-se iluminando o quintal da sua casa, colocando telas em janelas e aberturas e fechando passagens para porões, forros, sótãos ou outros cômodos pouco utilizados, onde eles possam se alojar. E nunca toque em nenhum morcego vivo ou morto. Qualquer espécie pode estar contaminada com a raiva.
Outra precaução importante é proteger o nariz e a boca com um pano umedecido, ao entrar em locais sem ventilação, com acúmulo de fezes de morcegos. Isso é necessário devido ao risco de contrair a histoplasmose, uma infecção respiratória que se pega pelo ar contaminado. Deve-se ter o mesmo cuidado ao entrar em abrigos de aves, como galinheiros e pombais.


Fonte:http://www.invivo.fiocruz.br

Por:Maria Ramos

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