domingo, 6 de dezembro de 2009

O que realmente está em jogo na conferência do clima em Copenhague?


Se levarmos em conta que os líderes políticos já assimilaram o perigo do aquecimento global, a resposta é simples: o desenvolvimento econômico.
É aí que as tentativas de consenso acerca de uma meta única emperram. Historicamente, os países abastados são aqueles que mais emitem gases na atmosfera (e fazem isso há mais tempo). Essa visão faz com que países pobres ou em desenvolvimento torçam o nariz quando seus colegas do primeiro mundo queiram que todas as nações tenham metas compulsórias.
No discurso, isso foi o motivo dos Estados Unidos recusarem a assinatura do Protocolo de Kyoto, ratificado em 1997: os países desenvolvidos manterem reduções absolutas de carbono enquanto meta, e países em desenvolvimento terem objetivo de crescimento com baixo carbono, em caráter não-compulsório.
Sergio Serra, embaixador extraordinário para a Mudança do Clima do Ministério das Relações Exteriores, afirma que a ideia é transplantar os artigos mais relevantes de Kyoto para Copenhague. "Mas os EUA são contra a substância do documento", observou, em evento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) no final de novembro, em Brasília. No mesmo evento, José Miguez, coordenador-geral de Mudança Global do Clima do Ministério da Ciência e Tecnologia, comentou que a meta do Protocolo de Kyoto era a redução em 6% das emissões, com base no ano de 1990. "Mas [os EUA] não cumpriram, ao contrário: as emissões aumentaram em 17%. Ao contrário do necessário, houve um aumento de dez em dez anos", observou.
O Brasil e outros 36 países em desenvolvimento vão a Copenhague dispostos a exigir que, até 2020, as nações desenvolvidas cortem ao menos 40% das emissões em relação a 1990. No entanto, EUA e China sinalizaram que vão reduzir 17% e até 45%, respectivamente, mas com uma base muito menor (2005). O governo brasileiro já anunciou, em caráter não-compulsório, a redução entre 36,1% e 38,9% até 2020, em uma medida tomada a partir de que se nada fosse feito.

Financiamento
Em março, Yvo de Boer, secretário-executivo da convenção do clima, apontou os quatro eixos cuja resposta deve ser dada em Copenhague.
São eles:

a) a quantidade de gases que os países industrializados devem reduzir;

b) quanto os maiores países em desenvolvimento, como China e Índia, devem reduzir;

c) como será a ajuda financeira aos países em desenvolvimento quanto às reduções;

d) como esse dinheiro será angariado.
Na visão do coordenador-geral José Miguez, os dois últimos pontos não devem ser respondidos. "Não há desejo dos países desenvolvidos quanto à contribuição no financiamento aos países em desenvolvimento, para aqueles que não podem investir", declarou.
"A grande discussão é o financiamento. A visão dos países ricos é que a adaptação [ao tratado] é um problema local, que deve ser conduzido por conta própria."

2 comentários:

Francisco Castro disse...

Olá!

Eu, sinceramente, não acredito muitos avanços nessa área por conta do encontro em Copenhague. A conta deve ficar para os mais pobres, como sempre. Na prática, os ricos ficarão com os holofotes e os pobres com a conta.

Abraços

Francisco Castro

vovolili disse...

Olá amigo,

Matéria postada bem interessate e seria de relevância mundial se discutirem e acertarem as propostas na convenção que se realizará em Copenhague efetivamente, de modo que beneficiem igualmente os poderosos e os povos mais pobres, e não apenas ficarem nas palavras, as quais voam e com elas vão-se as boas intenções.

Fraterno abraço,
Lilian

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