quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O planeta Terra é um ser vivo?

Sim, pelo menos segundo a Teoria de Gaia. Em 1969, a Nasa pediu ao químico inglês James Lovelock que investigasse Vênus e Marte para saber se eles possuíam alguma forma de vida. Analisando nossos vizinhos do sistema solar, Lovelock disse que não existia nada que pudesse ser considerado vivo por lá. Mas, ao olhar para a própria Terra, ele concluiu que, além de ser residência de diversas formas de vida, ela mesma se comporta como um grande ser vivo, com mecanismos que ajudam a preservar os outros seres vivos que abriga. E batizou esse ser de Gaia, em homenagem à deusa grega da Terra. No começo, a teoria foi rejeitada pela comunidade científica, que achou a idéia meio hippie e pouco baseada em experiências que a comprovassem. Mas o lançamento de satélites a partir dos anos 70 trouxe dados sobre o planeta que ajudaram a reforçar a tese central da Teoria de Gaia: o planeta tem uma capacidade de controlar sua temperatura, atmosfera, salinidade e outras características que mantêm o nosso lar, doce lar confortável, com condições ideais para a existência da vida.
A conclusão mais óbvia que Lovelock poderia chegar era a de que todos os seres vivos têm de extrair matéria e energia de seu meio e descartar produtos residuais em troca. Assim, pensando no meio terrestre, Lovelock supôs que a vida em qualquer planeta utilizaria a atmosfera ou, no caso de os haver, os oceanos como o meio fluido para a movimentação de matérias-primas e produtos residuais. Portanto, poder-se-ia ser capaz de, em linhas gerais, detectar-se a possibilidade da existência de vida analisando-se a composição química da atmosfera de um planeta. Assim, se houvesse realmente vida em Marte (por menor que fosse sua chance) a atmosfera marciana teria de revelar algumas combinações de gases características e propícias à vida que poderiam ser detectadas, em princípio, a partir da Terra. Ou, em outras palavras, qualquer planeta, para possibilitar a vida, necessita de um veículo fluido - líquido ou gasoso - para o transporte ou movimentação de componentes orgânicos e inorgânicos necessários à troca de materiais e resíduos resultantes da vida, pelo menos no nível e na dimensão do que se reconhece por vida dentro de nosso atual grau de conhecimento. Este meio fluido deve, portanto, apresentar uma somatória de características básicas.
Estas hipóteses foram confirmadas quando Lovelock e Dian Hitchcock começaram a realizar uma série de análises da atmosfera marciana, utilizando-se de observações feitas na Terra, comparando os resultados com estudos semelhantes feitos na nossa atmosfera. Eles descobriram algumas semelhanças e uma série de diferenças capitais entre as duas atmosferas: Há muito pouco oxigênio em Marte, uma boa parcela é constituída de Dióxido de Carbono e praticamente não há metano na atmosfera do planeta vermelho, ao contrário do que ocorre aqui. Lovelock postulou que a razão para tal retrato da atmosfera de Marte é que, em um planeta sem vida, todas as reações químicas possíveis já ocorreram há muito tempo, seguindo a segunda lei da termodinâmica - a da entropia que já foi exposta acima - e que estabelece que todos os sistemas físico-químicos fechados tendem ao equilíbrio termo-químico, ou de parada total de reações. Ou seja, ao contrário do que ocorre na Terra, há um total equilíbrio químico na atmosfera marciana, não ocorrendo reações químicas consideráveis hoje em dia.
Eis as palavras de Lovelock do exato momento de sua descoberta:
"Para mim, a revelação pessoal de Gaia veio subitamente - como um flash ou lampejo de iluminação. Eu estava numa pequena sala do pavimento superior do edifício do Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena, na Califórnia. Era outono de 1965, e estava conversando com Dian Hitchcock sobre um artigo que estávamos preparando... Foi nesse momento que, num lampejo, vislumbrei Gaia. Um pensamento assustador veio a mim. A atmosfera da Terra era uma mistura extraordinária e instável de gases, e, não obstante, eu sabia que sua composição se mantinha constante ao longo de períodos de tempo muito longos. Será que a Terra não somente criou a atmosfera, mas também a regula mantendo-a com uma composição constante, num nível que é favorável aos organismos vivos?"

4 comentários:

Educação Ativa disse...

ACHO QUE ESTOU UM POUCO CONFUSO....
ENTENDI ERRADO OU SEGUNDO O CIENTISTA , SE EM ALGUM MOMENTO TIVESSE TIDO DECOMPOSIÇÃO ORGANICA, OU LIBERAÇÃO DE GAZES FÓSSEIS HAVERIA VIDA EM MARTE?

Márcio Arnaldo Borges disse...

A metáfora do "ser vivo" parece adequada, mas eu prefiro achar que a Terra é uma gigantesca máquina alimentada pelas forças do Universo. Hoje, suas engrenagens enferrujam ao toque ácido das mãos humanas, desajustando os componentes que, originalmente, encaixavam-se à perfeição, sem folgas ou arestas.

Anônimo disse...

Eu creio que sim, e felizmente cada vez mais pessoas aceitam essa idéia. Um abraço. Drauzio Milagres.

Márlon Silva disse...

Somos parasitas. A Terra fornece alimento a todos os seres que a habitam. Nós somos os vírus e doenças em geral! kkkkkkkkkkkkkkk


Suas postagens são sempre interessantes. Parabéns!

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