Sim é possivel.O lixo das 300 maiores cidades brasileiras poderia produzir 15% da energia elétrica total consumida no país. A estimativa consta no Plano Decenal de Produção de Energia 2008/2017 e considera todo o lixo recolhido nestes municípios.Apesar dessa previsão, o Ministério de Minas e Energia - que encomenda o relatório desde 2006, para balizar suas ações- não tem planos de realizar leilões com a energia do lixo nos próximos anos. Segundo o governo, as prioridades em fontes renováveis são eólica, solar e hidrelétrica.A falta de perspectivas aumenta a defasagem do Brasil na tecnologia de eletricidade produzida por meio do lixo, na avaliação do professor Luciano Bastos, responsável pelo capítulo que avalia esse potencial no plano decenal a ser lançado.
Bastos, que é pesquisador do Ivig (Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais), diz que a única usina construída especialmente para aproveitar o potencial energético dos dejetos é a termelétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com capacidade de 200 kW por mês, suficiente para abastecer 2.300 casas.Além dessa usina, há os aterros sanitários Novagerar, em Nova Iguaçu (zona metropolitana do Rio), Bandeirantes e São João, em São Paulo, que utilizam o gás metano resultante da decomposição natural da matéria orgânica.A transformação de lixo em energia teria ainda duas conseqüências benéficas, na opinião de pesquisadores. A primeira é incentivar a armazenagem correta dos resíduos, que passam a ser matéria-prima.
Dados do IBGE de 2000 indicam que 63,3% dos municípios brasileiros tratam o lixo de forma errada - em geral apenas determinam o terreno em que os detritos devem ser jogados.Outro benefício seria econômico: assim como outras fontes de energia renovável, o lixo pode gerar créditos de carbono e favorecer o Brasil nas negociações sobre mudanças climáticas. A geração de créditos se deve à queima do metano, produto natural da decomposição orgânica. Este gás é mais danoso ao aquecimento global do que o gás carbônico CO2 -mas é eliminado com a combustão.
Para Sabetai Calderoni, doutor em ciências pela USP e especialista em reciclagem, há três razões para o atraso brasileiro na produção:
1) as parcerias público-privadas, maiores facilitadoras dos processos de reciclagem no seu entender, são recentes;
2) o interesse na manutenção dos investimentos em aterros;
3) só recentemente os preços de disposição ficaram mais caros.
Fonte:André Lobato - Colaboração para a Folha de São Paulo
3 comentários:
Tecnologias já existem para melhorar o meio que vivemos, o que precisamos agora é vontade política para a produção em massa e o seu consequente barateamento. Um abraço. Drauzio Milagres.
Penso que precise mais que vontade política: boa vontade de enfrentar meia dúzia de 3 ou quatro de alguns grupelhos...
Ai eu deixo a pergunta:
Dá com boa vontade (coragem) fazer e usar vontade política? (ir contra certo interesses). Eu creio que sim e torço (e voto) para tal!
Não sabem o que fazer com tanto lixo produzido... Diante de uma alternativa como esta, seria a possibilidade de resolver dois problemas ao mesmo tempo. O que me entristece é constatar que interesses políticos e financeiros estão sempre sendo priorizados, enquanto o planeta pede socorro urgente...
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