Novas
evidências sugerem que toda a vida complexa na Terra, incluindo os seres
humanos, podem ter evoluído de um grande grupo de micróbios chamado Asgard.
Quatro espécies desses micróbios foram descobertas por todo o mundo e nomeadas
de Loki, Thor, Odin e Heimdall, em homenagem aos deuses da mitologia nórdica. Um
novo estudo publicado na revista Nature sugere que eles podem ser parte da
família da qual todos nós evoluímos – ou seja, eles podem ser nossos
antepassados mais antigos. Em nosso planeta, há três reinos da vida: bactérias,
arqueias (que inclui termófilos e outros extremófilos) e eucariotas.
Nós
pertencemos a esse terceiro reino, os eucariotas, juntamente com toda a vida
multicelular, incluindo outros animais, fungos e protistas. Os eucariotas são
mais complexos do que os outros dois reinos, e também muito mais recentes. Enquanto
as bactérias e as arqueias parecem ter surgido há cerca de 3,7 bilhões de anos,
não muito tempo depois que o planeta foi formado, só 1,5 bilhões de anos depois
os eucariotas apareceram, e ninguém tem certeza de onde eles vieram. A
principal hipótese é que, em algum momento, um hospedeiro arqueia “engoliu” uma
bactéria, e a relação simbiótica entre os dois finalmente levou a eucariotas.
Suspeita-se
que essa bactéria pertença a uma classe chamada Alphaproteobacteria que,
ao longo do tempo, acabou se tornando a mitocôndria. Até recentemente, porém,
ninguém tinha qualquer idéia sobre as espécies Archaea que poderiam
ter engolido esta bactéria. Isso é importante, porque responde a pergunta: foi
uma arqueia primitiva que engoliu a bactéria, ou a arqueia se tornou mais
complexa primeiro? Essa simbiose foi a causa do eucariotismo, ou uma conseqüência
disso? A primeira pista surgiu em 2015, quando Thijs Ettema da Universidade de
Uppsala, na Suécia, descobriu um novo tipo de arqueia chamado Lokiarchaeota –
ou apenas Loki – em sedimentos no fundo do oceano entre a Groenlândia e a
Noruega.
Não
foi encontrada nenhuma célula microbiana, apenas traços de seu DNA a
profundidades de 2.300 metros. Uma análise do genoma revelou que eles eram os
parentes vivos mais próximos de todos os eucariotas.
Em
seguida, no ano passado, uma equipe da Universidade do Texas, nos EUA,
encontrou vestígios de DNA de uma arqueia estreitamente relacionada, que eles
chamaram de Thorarchaeota (ou Thor), na Carolina do Norte. No novo
estudo, uma colaboração entre a equipe sueca e americana, bem como outros
pesquisadores de todo o mundo, os cientistas estudaram outros dois parentes de
Loki e Thor encontrados em alguns dos cantos mais remotos do mundo, incluindo o
Parque Nacional de Yellowstone, respiradouros profundos no Japão, e águas
termais da Nova Zelândia. Os novos achados foram nomeados em homenagem aos
deuses nórdicos Odin e Heimdall. Além de Loki e Thor, essas últimas descobertas
são suficientes para classificar um novo “superfilo”, que os pesquisadores
chamaram de Asgard.
“Usando
novos métodos para obter dados do genoma de micróbios que não podem ser
cultivados em laboratório, identificamos um novo grupo de arqueias que está
relacionado com a célula hospedeira a partir da qual as células eucarióticas
evoluíram”, disse Ettema.
Encontrar
o DNA desses micróbios foi significativo, mas a verdadeira surpresa veio quando
a equipe estudou seus genes em mais detalhes e descobriu uma complexidade
inesperada. Antes de analisar os genes desses micróbios, pensávamos que tais
genes eram originais dos eucariotas, tais como os destinados a construir e
remodelar estruturas internas, e transportar moléculas em torno de
compartimentos celulares.
Sendo
assim, parece que essas arqueias já estavam a caminho de se tornarem eucariotas
antes de engolirem uma bactéria, embora tal conclusão não seja simples – todos
esses genes foram encontrados espalhados pelos quatro Asgard, e nenhum
deles tinha o conjunto completo. “Essas arqueias foram de alguma forma
preparadas para se tornarem complexas”, disse uma das cientistas, Anja Spang,
da Universidade de Uppsala. “No entanto, não está claro exatamente como isso
poderia ter acontecido”.
Espécimes
O
que realmente está impedindo os pesquisadores de tirarem melhores conclusões é
que, até agora, ninguém foi capaz de encontrar qualquer das arqueais Asgard inteiras.
Elas só são conhecidas a partir de seu DNA. O próximo passo é vasculhar partes
remotas do mundo para tentar encontrar qualquer vestígio das células originais
no registro de sedimentos, a fim de se ter uma ideia melhor de como e quão
complexas elas realmente eram.
Fonte:
http://www.sciencealert.com/
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