quarta-feira, 31 de março de 2010

Os sapos conseguem prever os terremotos


Desde o início de 2010 já tiveram lugar em diferentes pontos do mundo sismos de magnitude considerável, que causaram danos pessoais e materiais que, até certo ponto, poderiam ter sido evitados se fosse possível prever os eventos.
Esta capacidade de antecipação dos eventos sísmicos já foi identificada em animais e já se realizaram alguns estudos com espécies domésticas, mas o estudo de espécies selvagens é difícil devido à baixa frequência de ocorrência dos sismos e à sua imprevisibilidade.
Assim, quando a investigadora Rachel Grant detectou, ao analisar retrospectivamente os seus dados relativos aos dias anteriores ao sismo L’Aquila, alterações no comportamento de sapos-comuns (Bufo bufo) de uma colónia nas imediações da cidade, logo a identificou como a oportunidade perfeita para estudar a capacidade de previsão de um sismo exibida por animais selvagens.
A cientista da Universidade Aberta em Milton Keynes (Reino Unido) analisou o comportamento dos sapos que habitavam o lago de San Ruffino, a 74km de L’Aquila nos período pré-, durante, e pós-sismo tendo verificado que 5 dias antes do sismo 96% dos machos reprodutores tinham abandonado a colónia, que no espaço de 2 dias deixou de ter qualquer par reprodutor.
Trata-se de um comportamento muito invulgar uma vez que, normalmente, os animais só abandonam as áreas de reprodução quando as posturas terminam, e em L’Aquila estas estavam ainda começando.
Por outro lado, a investigadora detectou que a realização de posturas no local deu-se até 6 dias antes do sismo, tendo recomeçado 6 dias após o evento, não se verificando posturas durante o período que decorreu desde o primeiro abalo significativo até à última réplica.
Não tendo havido quaisquer outras variações ambientais que pudessem estar na origem destas alterações comportamentais, a investigadora concluiu que os animais anteciparam o sismo, embora não seja claro como o terão feito.
A alteração no comportamento dos sapos coincidiu com perturbações na camada electromagnética mais elevada da atmosfera, cuja ocorrência já foi associada a libertações de um tipo gás que precedem os sismos, embora não se saiba qual foi a causa das alterações no caso o sismo de L’Aquila.
O artigo conclui “As nossas observações sugerem que os sapos são capazes de detectar pistas pré-sísmicas como a libertação de gases e de partículas com carga, que usam como sistema de alerta de terremotos.”

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