quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Fraldas de algodão ou fraldas descartáveis, que opção utilizar?


Vamos conhecer primeiro alguns dos argumentos e contra-argumentos utilizados nesta questão. Os proponentes das fraldas de tecido trazem para a discussão motivos relacionados com as enormes quantidades de resíduos sólidos produzidos. Se pensarmos que uma criança até aos 30 meses utiliza mais de 6000 fraldas, é fácil perceber a dimensão do problema. Uma vez que estas fraldas apresentam como tempo de decomposição mais de 500 anos em aterros sanitários (pois 30% da sua constituição é plástico), a proporção de fraldas descartáveis só tende a aumentar. Mesmo as fraldas descartáveis biodegradáveis, nas quais é adicionado amido ao plástico para aumentar a sua fragmentação, não são a solução.
É que, apesar de reduzido em partículas mais pequenas, a quantidade de plástico e o seu volume continua a ser o mesmo. Para além disso, alguns plásticos que poderiam entrar em processos de reciclagem, deixam de poder sê-lo quando misturados com o açúcar, já que este interfere no processo, deteriorando a qualidade e consistência dos produtos reciclados. Nestes casos, a designação de "biodegradável" não tem qualquer consequência em termos ambientais.
A contaminação por que uma fralda usada pode ser responsável é também citada como potencial problema. Os materiais fecais humanos contêm bactérias e vírus responsáveis por perturbações intestinais e doenças, como a poliomielite. Apesar de atualmente pouco comum, o vírus da poliomielite desprende-se do intestino de qualquer bebé que tenha recebido a vacina contra a doença. A deposição destes materiais pode conduzir à contaminação das reservas de água subterrâneas, assim como atrair insetos vetores de doenças, problema mais preocupante nos países em desenvolvimento.
Todas estas questões referem-se à fase terminal do ciclo de vida do produto, mas a fase de produção é igualmente problemática, já que estamos falando de produtos fabricados à base de papel e plástico, ou seja, que têm como matéria prima recursos como a celulose (o que implica o abate de árvores) e o petróleo.
É quando se fala no consumo de recursos que os defensores das fraldas descartáveis apontam para o dispêndio de água na lavagem das fraldas reutilizáveis, para além dos detergentes e branqueadores, muitos dos quais contendo substâncias tóxicas como o cloro. Mas aqui os ambientalistas podem contra-argumentar, já que muita água, energia, branqueadores e outras substâncias químicas poluentes são utilizadas na produção da pasta celulósica e do plástico. Para além deste aspecto, as novas máquinas industriais das lavandarias já consomem menores quantidades de água e energia, utilizando, muitas vezes, detergentes biodegradáveis sem fosfatos.
Depois de tudo isto, parece não existir uma única resposta para a questão inicial: "O que é preferível, fraldas de algodão ou descartáveis?". Existem pais que utilizam ambos os produtos, dependendo da situação, mas parece que o mais lógico será pensar no tipo de problemas ambientais (a falta de água ou a acumulação de resíduos) que cada região enfrenta e fazer a escolha em sua função. O que é evidente é a inexistência de qualquer recomendação a nível governamental no sentido de orientar as atitudes individuais.


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