terça-feira, 13 de março de 2012

Estudo afirma que as abelhas também têm personalidade

Um estudo realizado por uma equipe internacional de investigadores sugere que as emoções não são limitadas aos seres humanos e outros vertebrados. Algumas abelhas são também mais propensas que outras na procura de aventuras. Os cérebros destas abelhas, que se sentem mais atraídas para a novidade, apresentam diferentes padrões de atividade genética nas vias moleculares associadas com a procura de emoções, nos seres humanos. Os resultados, publicados na revista Science, oferecem uma nova visão da vida no interior das colméias, que no passado foi descrita como uma colônia de trabalhadores, altamente regulamentada, em que cada abelha tem uma função específica (uma enfermeira, ou coletora, por exemplo) para servir a sua rainha.
Agora, parece que as abelhas individuais, na realidade, diferem no seu desejo ou vontade de realizar determinadas tarefas, diz o professor de Entomologia e diretor do Instituto de Biologia Genomica, da Universidade de Illinois (EUA), Gene Robinson, que liderou o estudo. Segundo o especialista, essas diferenças podem ser em parte devido à variabilidade nas personalidades das abelhas.Robinson e seus colaboradores estudaram dois comportamentos na procura de novidade em abelhas melíferas: a exploração de sítios de nidificação e alimentação. Quando uma colônia de abelhas deixando para trás as suas casas, a colméia divide-se e o enxame deve encontrar um novo lugar. Num momento de crise, algumas abelhas intrépidas (menos de 5% do enxame) dedicam-se na caça de uma colméia. Estas abelhas, chamadas de exploradoras de ninhos, são, em média, 3.4 vezes mais propensas a converterem-se, também, em exploradoras de alimentos.
Os investigadores queriam determinar a base molecular destas diferenças no comportamento das abelhas melíferas, e para isso utilizaram análises de microarray para encontrar diferenças na atividade de milhares de genes nos cérebros das abelhas exploradoras. "Esperávamos encontrar algumas, mas a magnitude das diferenças foi surpreendente, considerando que tanto as exploradoras, como as não exploradoras, são também recoletoras”, diz Robinson.Entre os muitos genes expressados diferencialmente encontram-se as catecolaminas, o glutamato, e a sinalização do ácido gama-aminobutírico (GABA). Os investigadores se concentraram sobre estes, porque são os que estão envolvidos na regulação da procura de novidades, e a resposta para a recompensa, nos vertebrados.
Para testar se as mudanças de sinalização no cérebro causam a procura de novidade, os investigadores os submeteram os grupos de abelhas a tratamentos para aumentar ou inibir estas substâncias químicas no cérebro. Dois tratamentos (com glutamato e octopamina) aumentaram o desejo de exploração em abelhas que não tinha sido explorado antes.Além disso, o bloqueio da sinalização da dopamina diminuiu o comportamento de exploração.Os resultados também sugerem que os insetos, os seres humanos e outros animais, utilizam o mesmo sistema genético na evolução do comportamento. Os genes que codificam certas vias moleculares, podem desempenhar um papel nos mesmos tipos de comportamentos, mas cada espécie se adapta, posteriormente, de uma distinta.


Fonte: http://www.elmundo.es/

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