quarta-feira, 3 de julho de 2024

Nova descoberta sobre os estromatólitos, que representam o registro geológico mais antigo de vida na Terra que se conhece

Os estromatólitos representam o registro geológico mais antigo de vida na Terra que se conhece. Essas curiosas estruturas bióticas são feitas de tapetes de algas que crescem em direção à luz e precipitam compostos químicos chamados carbonatos. Depois de sua primeira aparição na Terra, datada de 3,48 bilhões de anos, os estromatólitos dominaram o planeta como a única fábrica viva de carbonato durante quase três bilhões de anos. Os estromatólitos também são parcialmente responsáveis pelo Grande Evento de Oxigenação, que mudou drasticamente a composição da nossa atmosfera ao introduzir o gás que respiramos. Esse oxigênio inicialmente eliminou os competidores dos estromatólitos, permitindo sua proliferação no período Arqueano e no início do Proterozoico.No entanto, à medida que mais formas de vida adaptaram seu metabolismo a uma atmosfera oxigenada, os estromatólitos começaram a declinar, aparecendo no registro geológico apenas após extinções em massa ou em ambientes extremos - hoje sabemos que a vida na Terra não emergiu pelo aumento do oxigênio atmosférico, como se acreditou durante muito tempo. "As bactérias estão sempre por perto, mas normalmente não têm a oportunidade de produzir estromatólitos," explica o professor Volker Vahrenkamp, da Universidade Rei Abdullah de Ciência e Tecnologia, na Arábia Saudita. "Eles são amplamente superados pelos corais."

Estromatólitos vivos

Nos tempos modernos, os estromatólitos são relegados a nichos de ambientes extremos, como ambientes marinhos hipersalinos (por exemplo na Baía dos Tubarões, na Austrália) e lagos alcalinos. Até recentemente, o único análogo moderno conhecido dos ambientes marinhos rasos e biologicamente diversos, onde a maioria dos estromatólitos proterozoicos se desenvolveu, eram as Ilhas Exuma, nas Bahamas. Isto é, até Vahrenkamp e seus colegas descobrirem estromatólitos vivos na Ilha Sheybarah, na plataforma nordeste do Mar Vermelho, na Arábia Saudita. A equipe estava estudando estruturas de tendas - cúpulas com crostas de sal tão extensas que podem ser vistas do espaço - quando se deparou com um inesperado campo de estromatólitos. A descoberta é surpreendente, e na verdade só foi registrada porque Vahrenkamp é um dos poucos estudiosos dos estromatólitos nas Bahamas, o que foi essencial para que ele os reconhecesse. "Quando pisei neles, eu sabia o que eram," disse o pesquisador. "São 2.000 km de costa de plataforma carbonática, então, em princípio, é uma área desejável para procurar estromatólitos... mas, então, é a mesma coisa das Bahamas, e ainda assim há apenas uma pequena área onde você os encontra." A Ilha Sheybarah é um ambiente muito parecido com as Bahamas, dentro da plataforma carbonática de Al Wajh, de modo que seria de se esperar vários campos de estromatólitos, mas os encontrados pela equipe são pequenos, com cerca de 15 cm de diâmetro, e por isso são difíceis de detectar até se chegar muito perto.

Início da vida - aqui e no espaço

A equipe já detectou várias centenas de estromatólitos no campo da Ilha Sheybarah. Alguns são exemplos de livros didáticos perfeitos e bem desenvolvidos. Outros são mais laminares, com baixo relevo. "Talvez eles possam ser juvenis," supõe Vahrenkamp, "mas não sabemos como é a aparência de um estromatólito bebê. Eles devem começar pequenos, mas não sabemos."  Parte do problema é que não sabemos com que rapidez os estromatólitos crescem. Datá-los é muito difícil, porque eles contêm dois componentes carbonáticos diferentes que são virtualmente impossíveis de separar: O recém-precipitado pelos micróbios, que é o alvo do interesse científico, e a areia carbonática presente no meio ambiente, que interfere com o registro dos estromatólitos. Em busca de ampliar esse conhecimento, a equipe está monitorando o campo mensalmente para registrar eventuais alterações visuais. Eles também pretendem transferir alguns estromatólitos para um aquário e cultivá-los em busca de algum conhecimento sobre seu desenvolvimento. Isso, em última instância, nos dará informações sobre o começo da vida na Terra. Isto poderá até nos ajudar na busca por vida em outros planetas, como Marte. Como seria a vida em Marte e como a reconheceríamos? Observar os estromatólitos, que foram as primeiras formas de vida na Terra, antes mesmo de o nosso planeta ter uma atmosfera oxigenada, é um caminho interessante.

Fonte: : Discovery of modern living intertidal stromatolites on Sheybarah Island, Red Sea, Saudi Arabia - Revista: Geology

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