quinta-feira, 25 de março de 2010

Contribuição da produção de gado para as Alterações Climáticas será alvo de reavaliação


Depois de um relatório da FAO ter concluído que as emissões de gases de efeito estufa associadas à produção de carne corresponderiam a 18% do total, superando a contribuição do setor dos transportes, várias personalidades e entidades a nível internacional têm feito campanha para que se alterem os padrões de alimentação com a diminuição do consumo de carne.
No entanto, recentemente, cientistas americanos da Universidade da Califórnia questionaram a validez da estatística e a comparação com a contribuição do setor dos transportes em termos de emissões, alegando que não foi utilizada a mesma fórmula de cálculo.
Com efeito, no relatório de 2006 da FAO, Intitulado “A ampla sombra do Gado”, para o cálculo das emissões associadas à produção de gado para obtenção de carne, os especialistas somaram todas as emissões desde a criação dos animais até que a carne é servida, incluindo a produção de fertilizante, a conversão dos terrenos de floresta, a libertação de gases pelos animais durante a digestão e o uso de veículos nas explorações pecuárias.
No entanto, no que diz respeito à contribuição em termos de emissões do setor dos transportes, utilizou-se o valor de um relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas que apenas teve em conta a queima de combustíveis fósseis.
Um dos autores do relatório da FAO, Pierre Gerber já aceitou a crítica e admitiu o erro, tendo anunciado que já está sendo elaborado uma nova e mais completa análise das emissões associadas à produção de alimento, que incluirá uma comparação entre dietas à base de vegetais versus dietas à base de carne.
A crítica à estatística da FAO por parte dos cientistas americanos, foi anunciada num encontro da Associação Americana de Química, durante a apresentação de um estudo que concluiu que não é a dimensão do setor da produção de gado mas sim a forma como é gerido, que deve ser revista no âmbito do combate às Alterações Climáticas.
Segundo Frank Mitloehner “Produzir menos carne e leite só contribuiria para aumentar a fome nos países pobres”. Com efeito, outras vozes já se ergueram defendendo que o consumo de carne é uma fonte de proteínas essencial em algumas áreas geográficas, como por exemplo as zonas áridas da África Oriental ou das zonas que envolvem o Ártico.
Por outro lado, Frank Mitloehner adverte que a redução do consumo de carne em países desenvolvidos como é o caso dos Estados Unidos, onde os transportes emitem 25% do total de GEE, ao passo que a criação de porcos e gado bovino representa apenas 3%, não é a melhor estratégia para reduzir as emissões.

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