quinta-feira, 28 de maio de 2009

Corante de milho


Uma nova pesquisa testou a extração de corantes de milho como alternativa aos corantes sintéticos. O motivo é que, além de não poluir, os corantes naturais podem trazer benefícios à saúde por apresentar pigmentos antioxidantes e anti-inflamatórios.O estudo foi publicado na revista Ciência e Tecnologia de Alimentos. “O interesse em pesquisas por corantes naturais aumentou consideravelmente nas últimas décadas devido às severas críticas dos consumidores, às restrições impostas pela Organização Mundial da Saúde e outras instituições aos corantes sintéticos”, destacam os autores.
De acordo com Elias Basile Tambourgi, professsor da Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos autores do artigo, além do uso em corantes de alimentos e de tecidos, o milho é uma fonte de antocianinas, pigmentos pertencentes ao grupo dos polifenóis – compostos responsáveis por dar cores aos vegetais.“As antocianinas atuam como agente antioxidante que age na inibição dos radicais livres, atuando na prevenção de doenças degenerativas como o câncer. Além disso, melhoram a adaptação à visão noturna, prevenindo a fadiga visual. São usadas como anti-inflamatório e também já foram aplicadas no tratamento contra obesidade e hiperglicemia”, disse Tambourgi à Agência FAPESP.O pesquisador ressalta a necessidade de mais pesquisas a fim de destacar a importância das antocianinas na dieta humana.
“Além disso, precisamos melhorar as metodologias de extração (quantificação e identificação), obter a composição e compreender a funcionalidade das fontes naturais”, disse.No novo estudo, foram utilizadas duas variedades nativas de milho (Zea mays L.) peruano, roxa e vermelha, adquiridas em fazendas a cerca de 150 quilômetros ao sul de Lima. Segundo o estudo, o corante do milho roxo tem se mostrado estável.“Chegamos a realizar testes de fixação em produtos têxteis, como algodão. O que mais chama a atenção é seu uso artesanal no Peru, na coloração de roupas. Podemos notar que esses produtos apresentam forte cor roxa, e não se deterioram ao longo do tempo, nem mesmo pela ação do calor”, disse.Métodos de extração - Os autores destacam que as antocianinas do milho roxo foram usadas pelos incas na preparação de bebidas e no tingimento de fibras têxteis.
“Eles obtinham os pigmentos de forma artesanal, utilizando processos mecânicos através de atrito e raspagem da semente”, apontam.“Embora existam pesquisas indicando significativos avanços e benefícios das antocianinas extraídas do milho roxo, até o presente momento não conhecemos estudos sobre novas metodologias de extração desses pigmentos livres das substâncias químicas tóxicas”, ressaltou.Nos testes foram utilizados três métodos de extração: por imersão, por lixiviação e por supercrítica, que consiste em explorar as propriedades críticas do dióxido de carbono (comportamento de fluido) como solvente e promover o seu contato com o soluto, utilizando-se uma forma estática de extração.
Nos dois primeiros processos foram utilizados água deionizada, etanol, metanol, éter de petróleo, ciclo hexano e isopropanol como solventes, todos de grau analítico. E tanto no primeiro como no segundo método, o etanol foi o solvente com maior rendimento de extração dos pigmentos.Os resultados apontaram ainda que a lixiviação (com algumas modificações) foi o método mais eficiente nas extrações dos corantes, com aproximadamente 88% de antocianinas, assim como na recuperação dos solventes.“Mas como os dois primeiros métodos são simples, baratos e fáceis de serem aplicados, também apresentaram bons resultados.
A extração do pigmento roxo pode ser realizada de modo simples e com solvente (etanol) disponível no mercado”, disse o professor da Unicamp.Tambourgi coordenou diversos projetos apoiados pela FAPESP, entre os quais “Purificação de amilases de Zea mays para a aplicação na hidrólise de amido para uso na indústria alcooleira”, na modalidade Auxílio a Pesquisa – Regular.O novo estudo foi feito com Felix Martin Cabajal Gamarra, da Faculdade de Engenharia Química, e Edison Bittencourt, do Departamento de Tecnologia de Polímeros, amboa da Unicamp, e com Gisele Costa Leme, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).


Fonte: Agência Fapesp

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