como a Purites pukoensis
(imagem) está ameaçada de extinção pela mudança climática
e outros danos provocados pelo homem.
Pesquisa de 704 espécies de corais ─ minúsculos pólipos com exoesqueletos rígidos, alguns dos quais formam espetaculares recifes de corais ─ revelou que aproximadamente 33 % delas estão ameaçadas de extinção com o crescente aumento de temperatura do planeta. Os principais culpados, de acordo com estudo recente publicado na Science são: o branqueamento ─ quando corais expulsam as algas que normalmente os alimentam e lhes dão cor característica ─ e o surgimento de doenças em corais enfraquecidos pelo aquecimento da água do mar."Se não conseguirmos controlar o dióxido de carbono na atmosfera, haverá uma boa chance de ocorrer branqueamento e doenças se tornarem mais freqüentes e, se isso acontecer, há uma grande possibilidade de que algumas espécies não sejam capazes de se recuperar suficientemente rápido," observa o biólogo marinho Kent Carpenter da Old Dominion University em Norfolk, Virginia, que liderou a pesquisa. "Junte a isso a acidificação do oceano ─ também resultado do aumento dos níveis de CO2 na atmosfera ─ que é ainda pior que o aquecimento do oceano e teremos um quadro desanimador."Pesquisadores avaliam a saúde das espécies de corais ao redor do mundo medindo a diminuição de abundância nos recifes e leitos oceânicos onde se estabelecem e então usam o critério desenvolvido pela União Mundial para a Natureza (IUCN, em inglês) para determinar o risco de extinção. Estudos anteriores encontraram diminuições de até 80% no número de corais vivendo em um recife específico.
"Corais são a espinha dorsal do ecossistema," observa Carpenter, e os recifes abrigam aproximadamente um quarto das espécies marinhas conhecidas ─ de peixes a algas. "O que acontecerá com a imensa biodiversidade que depende dos recifes de corais? Não sabemos, mas o consenso é que isso provavelmente levará a uma perda maciça da biodiversidade nos oceanos."Uma verificação semelhante da saúde dos corais efetuada em águas americanas, divulgada esta semana pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), concluiu que aproximadamente metade das espécies de corais nessas águas está tentando sobreviver, mas continua a diminuir."As predições são que dentro de 50 a 100 anos não apenas assistiremos ao declínio das taxas de crescimento de corais, mas também de outras espécies dependentes de conchas ─ que poderão começar a se dissolver," esclarece a bióloga marinha Jenny Waddell do Centro de Monitoramento e Avaliação Costeira do NOAA, que ajudou a elaborar o relatório. A mudança climática "é até certo ponto um fator preponderante. Não sabemos na verdade até quando os corais conseguirão resistir."O governo dos Estados Unidos, entretanto, tomou uma medida sem precedentes em 2006 ao considerar ameaçadas duas espécies de coral - Chifre-de-alce (Acropora palmata) e Chifre-de-veado (Acropora cervicornis) - de acordo com o Decreto de Espécies Ameaçadas. Isso significa que esses dois construtores de recifes caribenhos enfrentam um risco significativo de serem extintos nos próximos 30 anos. De acordo com Weddell, os planos para mitigar essa ameaça e proteger as duas espécies, ainda estão em processo de finalização.
Mas nem todos os biólogos marinhos concordam que os corais estão em situação de risco. "Leões e tigres também estão severamente ameaçados de extinção sendo que atualmente existem apenas alguns milhares deles. Mas uma espécie de coral, cuja população foi reduzida de talvez um bilhão para 300 milhões ou mesmo umas poucas centenas de milhares, está mesmo ameaçada de extinção? Pessoalmente, eu duvido muito," afirma o biólogo marinho John Bruno da University of North Carolina, em Chapel Hill. "Mas eu acho que a função ecológica de muitos corais construtores de recifes está ameaçada pelas perdas bastante significativa de sua abundância."Em vez de enfocar a preservação de espécies individuais de corais, Bruno argumenta que a saúde global dos oceanos deve ser resguardada pelo gerenciamento da proteção de recifes de corais a fim de maximizar sua abundância total. Isso então, também serviria para aumentar ao máximo o número de espécies que dependem deles como alimento ou habitat.A boa notícia é que recifes de coral podem se recuperar dentro de décadas, de acordo com Bruno e Waddell - um processo que já começou a ocorrer em alguns recifes no Caribe e no Pacífico - mas apenas se eles não sofrerem mais degradação humana como poluição da água, pesca predatória e mudanças climáticas.E se os pequenos pólipos continuarem a sofrer os efeitos desses fatores? A perspectiva é sombria, adverte Carpenter. "A extinção ou não de espécies de corais vai depender de eles continuarem a apresentar sintomas mais freqüentes de branqueamento e de doenças devidas ao aumento da temperatura na superfície do mar," ele prevê. "Se esses incidentes se tornarem mais freqüentes, existe realmente essa possibilidade."
Fonte:Scientific American Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário