Uma baleia cachalote ficou encalhada numa praia na cidade inglesa de Skegness há dez dias. Foi a quarta a aparecer na região, no condado de Lincolnshire, nos últimos anos. Quando o cachalote apareceu na praia de Skegness numa manhã de sábado, este fenômeno transformou-se numa espécie de atração turística, pois centenas de pessoas foram à praia ver o animal, e algumas fizeram questão de ser fotografadas ao seu lado. Mas estes acontecimentos são menos raros do que aquilo que as pessoas pensam. Segundo o Cetacean Strandings Investigation Programme ou Programa de Investigação de Encalhamentos de Cetáceos, (CSIP na sigla em inglês), só no ano passado houve nove casos registrados de cachalotes que foram dar à costa em praias britânicas.
No início deste ano, a polícia investigou relatos de que partes de uma baleia morta encontrada no condado de Norfolk estariam à venda no site Facebook. O gestor dos projetos do CSIP, Rob Deaville afirmou que, as partes da baleia pertencem à coroa britânica. Apesar de serem biologicamente classificadas como mamífero, “elas são classificadas como peixes reais”, segundo Deaville, que trabalha para a Zoological Society of London. "Um estatuto muito antigo deu ao chefe da coroa o direito sobre todos os cetáceos encalhados emtorno do Reino Unido. O rei tinha direito à cabeça e a rainha tinha direito à cauda". No entanto, Deaville não tem conhecimento de que algum monarca tenha de fato requisitado um pedaço de alguma baleia.
"A prerrogativa real foi transferida para o Receiver of Wreck (oficial que lida com as questões legais relativas a naufrágios) da Maritime and Coastguard Agency (a Marinha Costeira britânica), mas na prática o nosso projeto é o primeiro a ser chamado". Após ser informado sobre o encalhamento, o CSIP decide se quer ou não examiná-la. “As baleias são tão difíceis de serem estudadas no seu habitat natural que encalhamentos fornecem uma oportunidade única para aprender mais sobre estes animais", disse Deaville.Desde 1990, o CSIP já registrou cerca de 10.500 encalhamentos de cetáceos (ordem de mamíferos que inclui baleias, botos e golfinhos), mortos e vivos. Destes, cerca de 10% eram baleias. Dos 10.500 encalhamentos, o CSIP fez exames a cerca de 3 mil. Por vezes, os testes são feitos antes de a baleia ser removida, dependendo do tamanho do animal e das dificuldades no transporte.
No caso da baleia encontrada em Skegness, especulou-se que o animal teria sido morto por um barco, porque havia um grande corte na pele do cetáceo. Ele não foi examinado porque os especialistas decidiram que estava num estado de decomposição demasiado avançado. "Pode ter sido uma pancada por um barco, mas não podemos dizer ao certo sem termos examinado (a baleia)", disse Deaville após observar algumas fotografias. Se os incidentes com baleias são resultados de atividade humana, as informações recolhidas podem ser usadas para prevenir mais mortes. Mas Deaville afirmou que muitas baleias morrem de fome. "Apenas os cachalotes machos ficam encalhados na Grã-Bretanha e todos os que examinamos após a morte mostravam evidências de falta de alimentação recente", disse. Os cachalotes encalham normalmente na Escócia ou na costa leste de Inglaterra. "Parece que entram no Mar do Norte, onde não conseguem alimentar-se", afirmou.
Uma das mortes de baleia que mais chamou a atenção na Grã-Bretanha nos últimos anos foi o caso de uma baleia da espécie Hyperoodon ampullatus que nadou rio acima pelo Tâmisa em Janeiro de 2006 e morreu apesar de grandes esforços para salvá-la. Um ano mais tarde, emprestado pelo Natural History Museum, o esqueleto da baleia foi exposto na sede de um jornal britânico. Um corpo de uma baleia em decomposição pode trazer riscos à saúde pública, o que significa que as autoridades locais ou os proprietários de terrenos (no caso de praias particulares) normalmente são os responsáveis pela remoção das carcaças. "Houve casos em que (a carcaça) foi deixada no local para se decompor naturalmente, pois não era possível removê-la. O risco para a saúde pública é relativamente baixo", disse Deaville. Os custos de remoção variam de acordo com o peso do animal. Muitos animais acabam em depósitos de lixo, mas a incineração e processamento da carcaça, para obter óleo, por exemplo, também é uma opção.
Em 1970, autoridades em Florence, no Estado de Oregon, Estados Unidos, optaram por explodir uma baleia como forma de dispor da carcaça. A operação foi filmada. "Não fazemos isso na Grã-Bretanha e também não aconselhamos esse método, porque a praia fica cheia de pedaços de baleia que precisam ser removidos de qualquer maneira", disse Deaville. No entanto, as baleias mortas podem explodir naturalmente. Foi o que aconteceu em 2004 com um cachalote que estava a ser transportado para um centro de investiagação em Tainan. "Ela explodiu no caminho por causa dos gases que se acumularam no seu interior", disse Deaville.
Fonte: http://www.bbc.co.uk
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