O debate sobre o desenvolvimento está hoje ligado, de forma indissociável, ao problema da ecologia. Toda uma vertente progressista (social-democrata ou socialista) questionou o desenvolvimento realizado tanto pelo capitalismo como pelo socialismo em seus efeitos sociais e políticos. O argumento central era o de que o desenvolvimento não foi capaz de responder às necessidades básicas da maioria da população (excludência do desenvolvimento) e nem permitiu que as decisões tomadas em nome desta maioria contassem efetivamente com a participação da sociedade. O capitalismo desenvolveu (bem) para poucos que ficaram muito ricos a partir da participação de poucos; o socialismo desenvolveu para muitos (e mal) a partir da participação de poucos. A crítica diagnosticou a exclusão econômica e política como causa do fracasso comum dos dois modelos históricos presentes na agenda da chamada modernidade.
A vertente progressista criticou o desenvolvimento a partir de uma dimensão democrática fundamental baseada nos princípios de igualdade e participação, mas não foi capaz e incluir a relação da humanidade com a natureza e o meio ambiente em sua crítica. A vertente progressista atuou como se existisse num mundo onde os homens e mulheres vivessem sem relação com a natureza, ou como se a relação com a natureza pudesse ser ignorada, sem produzir conseqüências fundamentais. Ao privilegiar as relações sociais, ignorou as relações naturais.
Uma outra vertente de crítica e questionamento do desenvolvimento emergiu principalmente nos países capitalistas desenvolvidos (Estados Unidos e Europa capitalista), e teve origem na cultura liberal progressista, que mesmo incapaz de se confrontar com o rosto pobre do mundo, foi no entanto sensível à morte de baleias, pássaros e plantas, e às ameaças a sua própria vida, que vinham das bombas nucleares, do efeito estufa e do risco de asfixia e extinção que ameaça o mundo.
Ao ver somente o rosto humano, os progressistas não foram capazes de ver a vida em todas as suas manifestações, e perderam a capacidade de ver todas as relações que unem os seres vivos e naturais. Ao ver o rosto da natureza, mesmo ignorando muitas vezes o rosto humano, a vertente liberal ajudou a completar o quadro e surpreendeu o capitalismo pelas costas, questionando seu impulso predador e sua tendência suicida escondida na voragem produtivista. O encontro contraditório das duas vertentes colocou a questão ecológica na ordem do dia e se impôs ao pensamento moderno como um ponto de encontro da crítica do mundo atual e da busca de uma relação entre os homens e a natureza, portanto entre os homens e sua própria história.
Um novo pensamento se apresenta ao mundo com pretensões de universalidade, o ecológico, questionando o desenvolvimento e os modelos de sociedade. Esse desafio é apresentado como necessidade de se repensar o desenvolvimento na sua dimensão social. Recoloca a crítica dos sistemas existentes, forçando o capital a se confrontar com o meio ambiente, que pretendeu e ainda pretende subordinar em sua realização. O pensamento ecológico está dizendo ao capital que antes dele vem a relação com a natureza, diante da qual o capital é apenas uma criança brincando de Criador, sem ter idade e sabedoria para isso.
O pensamento ecológico pode constituir-se num ponto de partida capaz de aprofundar a crítica do desenvolvimento, tal como realizado no mundo moderno, e de unir e produzir uma nova confluência cultural e ideológica, que se move em direção à democracia, onde não somente os homens e mulheres possam se encontrar num mundo de todos, como também estabelecer uma relação de qualidade diferente com a natureza de que somos parte e pela qual somos responsáveis. Os princípios básicos das relações humanas já foram propostos, não estabelecidos, pelo pensamento democrático. Os princípios básicos das relações entre a humanidade e a natureza ainda não foram devidamente discutidos e estabelecidos entre nós, o que nos leva muitas vezes a produzir dicotomias inconsistentes e falsas contradições. Esse é um desafio moderno. Não fomos capazes de incluir em nosso horizonte toda a humanidade, nem fomos capazes de nos incluir no horizonte de um universo que nos ultrapassa em tantas dimensões. Ao recuperarmos um desafio de tal magnitude, talvez sejamos capazes de recuperar também a capacidade de nos superarmos.
Os movimentos sociais que se desenvolvem hoje no mundo inteiro em relação ao meio ambiente ou se filiam, em grande parte, a essas duas vertentes ou nelas tiveram origem, e colocam suas ênfases e prioridades ora nas conseqüência sociais e políticas do desenvolvimento, ora nas conseqüências ambientais. O mesmo se pode dizer das ONGs [organizações não governamentais] que se desenvolveram ao longo dos últimos anos, divididas basicamente entre ONGs ambientalistas e ONGs de desenvolvimento social. A linha de clivagem que as divide tem no meio ambiente a questão que as une e uma mesma causa e desafio, o de promover o encontro da humanidade consigo mesma e como mundo natural que a constitui.
A vertente progressista criticou o desenvolvimento a partir de uma dimensão democrática fundamental baseada nos princípios de igualdade e participação, mas não foi capaz e incluir a relação da humanidade com a natureza e o meio ambiente em sua crítica. A vertente progressista atuou como se existisse num mundo onde os homens e mulheres vivessem sem relação com a natureza, ou como se a relação com a natureza pudesse ser ignorada, sem produzir conseqüências fundamentais. Ao privilegiar as relações sociais, ignorou as relações naturais.
Uma outra vertente de crítica e questionamento do desenvolvimento emergiu principalmente nos países capitalistas desenvolvidos (Estados Unidos e Europa capitalista), e teve origem na cultura liberal progressista, que mesmo incapaz de se confrontar com o rosto pobre do mundo, foi no entanto sensível à morte de baleias, pássaros e plantas, e às ameaças a sua própria vida, que vinham das bombas nucleares, do efeito estufa e do risco de asfixia e extinção que ameaça o mundo.
Ao ver somente o rosto humano, os progressistas não foram capazes de ver a vida em todas as suas manifestações, e perderam a capacidade de ver todas as relações que unem os seres vivos e naturais. Ao ver o rosto da natureza, mesmo ignorando muitas vezes o rosto humano, a vertente liberal ajudou a completar o quadro e surpreendeu o capitalismo pelas costas, questionando seu impulso predador e sua tendência suicida escondida na voragem produtivista. O encontro contraditório das duas vertentes colocou a questão ecológica na ordem do dia e se impôs ao pensamento moderno como um ponto de encontro da crítica do mundo atual e da busca de uma relação entre os homens e a natureza, portanto entre os homens e sua própria história.
Um novo pensamento se apresenta ao mundo com pretensões de universalidade, o ecológico, questionando o desenvolvimento e os modelos de sociedade. Esse desafio é apresentado como necessidade de se repensar o desenvolvimento na sua dimensão social. Recoloca a crítica dos sistemas existentes, forçando o capital a se confrontar com o meio ambiente, que pretendeu e ainda pretende subordinar em sua realização. O pensamento ecológico está dizendo ao capital que antes dele vem a relação com a natureza, diante da qual o capital é apenas uma criança brincando de Criador, sem ter idade e sabedoria para isso.
O pensamento ecológico pode constituir-se num ponto de partida capaz de aprofundar a crítica do desenvolvimento, tal como realizado no mundo moderno, e de unir e produzir uma nova confluência cultural e ideológica, que se move em direção à democracia, onde não somente os homens e mulheres possam se encontrar num mundo de todos, como também estabelecer uma relação de qualidade diferente com a natureza de que somos parte e pela qual somos responsáveis. Os princípios básicos das relações humanas já foram propostos, não estabelecidos, pelo pensamento democrático. Os princípios básicos das relações entre a humanidade e a natureza ainda não foram devidamente discutidos e estabelecidos entre nós, o que nos leva muitas vezes a produzir dicotomias inconsistentes e falsas contradições. Esse é um desafio moderno. Não fomos capazes de incluir em nosso horizonte toda a humanidade, nem fomos capazes de nos incluir no horizonte de um universo que nos ultrapassa em tantas dimensões. Ao recuperarmos um desafio de tal magnitude, talvez sejamos capazes de recuperar também a capacidade de nos superarmos.
Os movimentos sociais que se desenvolvem hoje no mundo inteiro em relação ao meio ambiente ou se filiam, em grande parte, a essas duas vertentes ou nelas tiveram origem, e colocam suas ênfases e prioridades ora nas conseqüência sociais e políticas do desenvolvimento, ora nas conseqüências ambientais. O mesmo se pode dizer das ONGs [organizações não governamentais] que se desenvolveram ao longo dos últimos anos, divididas basicamente entre ONGs ambientalistas e ONGs de desenvolvimento social. A linha de clivagem que as divide tem no meio ambiente a questão que as une e uma mesma causa e desafio, o de promover o encontro da humanidade consigo mesma e como mundo natural que a constitui.
Fonte: www.intelecto.net
Um comentário:
Olá, Décio!
A democracia como a melhor forma de governo deve ser também o melhor regime político para cuidar do meio ambiente. As questões relacionadas à ecologia devem ser tratadas de forma democrática, onde todos devem participar porque todos serão beneficiados. A participação de todos é fundamental para se descobrir a memlhor forma de todos contribuirem voluntariamente e com o máximo de proveito.
Abraços
Francisco Castro
Postar um comentário