sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Capturado por acidente tubarão pré-histórico


Chlamydoselachus anguineus

O tubarão tinha características que não se assemelhavam a nada que eles tivessem visto antes: uma cabeça redonda e uma longa fileira de 300 dentes afiados e finos, típicos de um perigoso predador. 

Eles logo perceberam que estavam de frente a um Chlamydoselachus anguineus ou, como vulgarmente o denominam, um tubarão-enguia, uma espécie pré-histórica pouco conhecida. O animal foi capturado em agosto passado nas águas próximas ao Algarve, a área mais ao sul de Portugal.

Tubarão-enguia

Embora seja considerado um ‘fóssil vivo’, o tubarão-enguia é uma espécie geograficamente distribuída: de Angola ao Chile, da Guiana à Nova Zelândia, da Espanha ao Japão. No entanto, pouco se sabe sobre seus hábitos de vida, bem como o tamanho de sua população. Isso é em parte devido ao fato de ele geralmente viver a grandes profundidades, o que torna difícil de vê-lo e segui-lo. No caso do tubarão capturado em Portugal, ele foi apanhado em uma rede lançada a 700 metros de profundidade. Mas o que o torna tão especial?

Família extinta

“Esse tubarão pertence a única espécie sobrevivente de uma família de tubarões em que todas as outras se extinguiram”, explicou a Margarida Castro, professora e pesquisadora do Centro de Ciências Marinhas da Universidade de Algarve.

“Alguns estimam que essa espécie remonta ao período jurássico tardio. Pode ser um pouco mais recente, mas, em qualquer caso, estamos falando de dezenas de milhões de anos. Por isso, é bastante antigo em termos evolutivos. Certamente está na terra bem antes do homem”, acrescenta a especialista.

Castro faz parte do projeto MINOUW, uma iniciativa para reduzir o número de capturas indesejadas por parte dos navios de pesca europeus. Daí, então, havia a presença de pesquisadores em um navio de pesca comercial.

Um grande predador

Embora a maioria dos tubarões tenha uma cabeça plana e o tubarão-enguia tenha uma cabeça redonda, suas barbatanas e toda a parte inferior do seu corpo não deixam dúvidas aos especialistas de que é um tubarão e não uma espécie de enguia. No entanto, de acordo com Castro, o que é realmente único sobre esse animal é os dentes.

Ele tem uma grande fileira de dentes perpendiculares ao maxilar, são muitos afiados, finos e apontam para dentro, o que lhes permite capturar grandes presas e mantê-las na boca, porque qualquer resistência por parte das presas só fará com que elas avancem para dentro da boca do animal, pois os dentes os impedem de sair”, diz Castro. “Dessa forma, eles são capazes de pegar algo e não deixar escapar. Claramente é um predador muito agressivo”, acrescentou. No caso do espécime capturado em Portugal, era um macho adulto de 1,5 metros de comprimento e quando foi tirado do mar já estava morto.

“A partir dessa profundidade, a maioria dos peixes chega morto, a rede sobe muito rápido e eles não podem sobreviver à súbita mudança de pressão”, explica Castro. A pouca informação que temos sobre essa espécie dificulta saber se ela corre risco de extinção.

A União Internacional para a Conversação da Natureza (IUCN, por suas siglas em inglês) coloca o tubarão-enguia como uma espécie “quase ameaçada”, porque a expansão da pesca em águas profundas pode conduzir a um aumento em sua captura acidental.

Fonte: https://universoracionalista.org/

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