Não. Segundo especialistas, o “encanto” não tem nada a ver com a música, e tudo a ver com o encantador agitando uma pungi, um instrumento de sopro, na cara da cobra.Serpentes não têm orelhas externas, e percebem apenas um pouco mais que burburinhos de baixa frequência.Mas, quando elas vêem algo ameaçador, se levantam em uma pose defensiva. “O movimento da cobra é completamente influenciado pelo instrumento em sua cara”, diz Robert Drewes, presidente do departamento de herpetologia (estudo de anfíbios e répteis) da Academia de Ciências da Califórnia, em San Francisco. “Ele balança, a cobra balança”.
Drewes estuda como os animais respondem às suas próprias chamadas; sua especialidade são as rãs.Rãs têm ouvidos muito bons, o que faz sentido, já que o som é vital para a sua procriação: o coaxo de um macho chama por uma fêmea. Cada chamada de cada espécie de rã é diferente. Rãs do sexo feminino têm ouvidos internos que estão sintonizados apenas para a chamada de sua espécie. Bernie Krause, músico e “ecologista sonoro”, diz que, embora alguns animais pareçam responder ao que chamamos de música, não há como sabermos o que eles pensam. Sim, às vezes aves “chacoalham” ao som de música, macacos tocam teclado, mas estamos “atribuindo” isso aos animais.
Segundo ele, para dizer que animais gostam de música, temos que ver um animal que não seja cativo desfrutando de música; um que não esteja procurando nada para aliviar o tédio. Krause comenta que nós aprendemos a nossa música (música moderna “artificial” de hoje) a partir do mundo natural, e em alguns lugares do mundo, ainda existem grupos de seres humanos que “cantam com a natureza”, ao invés de para ela. O Kaluli em Papua Nova Guiné, diz ele, “mistura suas vozes com os sons da floresta, que é como nós aprendemos polifonia” – cantar com mais de uma voz. Encantadores de cobras também podem ter começado desta forma: cantando e dançando com cobras. Mas isso foi há milhares de anos, antes de sabermos que as serpentes sequer podiam ouvir aquele som.
Fonte: http://www.popsci.com
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