Os animais mais antigos do planeta são bem mais jovens do que se imaginava. Eles evoluíram rapidamente após o final de uma era glacial que provavelmente cobriu a maior parte do planeta, e ajudaram a mudar o clima da Terra de uma forma no mínimo inusitada: por meio de suas fezes. É o que sugere a análise de rochas da China feita por um grupo de cientistas chineses e americanos.
O grupo liderado por Daniel Condon, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), EUA, realizou a primeira datação absoluta nas rochas da formação Doushantuo, no vale do rio Yangtsé.Essas rochas abrigam os fósseis animais mais antigos de que se tem notícia: minúsculos parentes das águas-vivas, embriões inteiros petrificados e bichos com simetria bilateral (os dois lados do corpo, separados por um eixo imaginário, são iguais-mais ou menos como um lado de um rosto humano é igual ao outro).Abrigam também uma controvérsia que se arrasta há anos sobre quando realmente surgiram esses animais e qual é a sua relação com uma série de alterações climáticas que resultou na chamada ‘Terra bola de neve’. Nesse período, a Terra teria estado coberta de gelo até o equador - e seu final abriu as portas para a explosão da vida complexa há 543 milhões de anos, no chamado Período Cambriano.
Até agora, os cientistas achavam que a fauna local tivesse algo entre 600 milhões e 545 milhões de anos de idade.Essa data significa que os animais teriam aparecido entre duas grandes glaciações, o que de certa forma complicava a vida dos cientistas: alguns propunham que justamente a glaciação tivesse criado condições ambientais tão rigorosas que, uma vez derretido o gelo, vários ambientes ficaram livres para serem explorados no planeta - o que teria permitido uma diversificação rápida que veio dar na explosão cambriana (na qual todos os grandes grupos existentes hoje apareceram).‘Essa data tem uma certa carga’, diz o geólogo Sam Bowring, do MIT, co-autor do estudo. ‘Ela significa que os animais surgiram entre duas glaciações, mas distantes de ambas.’ Ou seja, a ‘Terra bola de neve’ não teria necessariamente tido um papel crucial na evolução dos animais.
Bowring e seus colegas resolveram limitar esse intervalo e tentar descobrir a idade absoluta das rochas de Doushantuo.Datar rochas não é uma tarefa fácil. Não dá para recorrer ao método do carbono-14, usado apenas para material orgânico: as idades são mais ou menos ‘chutadas’ com base nos tipos de fóssil presentes nelas.Felizmente, alguns locais do planeta - Doushantuo entre eles - possuem depósitos de cinza vulcânica ricos no mineral zircônio. E o zircônio é o mais perto que um geólogo pode desejar de um relógio perfeito: esse mineral contém urânio, elemento radioativo que se transforma (decai) em chumbo, mais estável, a uma razão conhecida. Isso permite estabelecer idades absolutas.‘Os fósseis de Doushantuo estão logo abaixo de uma camada de cinzas vulcânicas de 550 milhões de anos’, disse Bowring. Isso significa que eles surgiram depois que a última glaciação da ‘bola de neve’ terminou, há 580 milhões de anos, e se diversificaram rapidamente.Datas semelhantes de rochas da Namíbia, Califórnia e Austrália sugerem que o fim da glaciação foi simultâneo em todo o planeta, ‘liberando’ a evolução para agir e criar uma multiplicidade de formas de vida. ‘Tudo isso teria acontecido nos últimos 25 milhões de anos do Pré-Cambriano’, disse o paleontólogo Thomas Fairchild, da USP.Fairchild diz que o novo estudo, é animador para cientistas brasileiros: rochas que guardam o registro do fim da ‘Terra bola de neve’ também estão presentes em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas a relação entre elas ainda não está clara. ‘Isso incentiva nossas pesquisas.’Segundo Bowring, provavelmente datam dessa época inovações biológicas como a evolução de intestinos unidirecionais, o que, curiosamente, teve um papel importante nas alterações climáticas do Cambriano.
A partir de 550 milhões de anos, os níveis de carbono orgânico nas rochas de Doushantuo (antes leito oceânico) começam a cair, e o de oxigênio a subir. O oxigênio foi crucial para o desenvolvimento de animais grandes, como os que apareceram no Cambriano.A hipótese dos cientistas é que a habilidade dos animais munidos do novo tipo de intestino de produzir fezes em pelotas acabou reduzindo a quantidade de material orgânico dissolvido na água. ‘As pelotas fecais afundam antes de oxidar. Então, o oxigênio sobe.’
O grupo liderado por Daniel Condon, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), EUA, realizou a primeira datação absoluta nas rochas da formação Doushantuo, no vale do rio Yangtsé.Essas rochas abrigam os fósseis animais mais antigos de que se tem notícia: minúsculos parentes das águas-vivas, embriões inteiros petrificados e bichos com simetria bilateral (os dois lados do corpo, separados por um eixo imaginário, são iguais-mais ou menos como um lado de um rosto humano é igual ao outro).Abrigam também uma controvérsia que se arrasta há anos sobre quando realmente surgiram esses animais e qual é a sua relação com uma série de alterações climáticas que resultou na chamada ‘Terra bola de neve’. Nesse período, a Terra teria estado coberta de gelo até o equador - e seu final abriu as portas para a explosão da vida complexa há 543 milhões de anos, no chamado Período Cambriano.
Até agora, os cientistas achavam que a fauna local tivesse algo entre 600 milhões e 545 milhões de anos de idade.Essa data significa que os animais teriam aparecido entre duas grandes glaciações, o que de certa forma complicava a vida dos cientistas: alguns propunham que justamente a glaciação tivesse criado condições ambientais tão rigorosas que, uma vez derretido o gelo, vários ambientes ficaram livres para serem explorados no planeta - o que teria permitido uma diversificação rápida que veio dar na explosão cambriana (na qual todos os grandes grupos existentes hoje apareceram).‘Essa data tem uma certa carga’, diz o geólogo Sam Bowring, do MIT, co-autor do estudo. ‘Ela significa que os animais surgiram entre duas glaciações, mas distantes de ambas.’ Ou seja, a ‘Terra bola de neve’ não teria necessariamente tido um papel crucial na evolução dos animais.
Bowring e seus colegas resolveram limitar esse intervalo e tentar descobrir a idade absoluta das rochas de Doushantuo.Datar rochas não é uma tarefa fácil. Não dá para recorrer ao método do carbono-14, usado apenas para material orgânico: as idades são mais ou menos ‘chutadas’ com base nos tipos de fóssil presentes nelas.Felizmente, alguns locais do planeta - Doushantuo entre eles - possuem depósitos de cinza vulcânica ricos no mineral zircônio. E o zircônio é o mais perto que um geólogo pode desejar de um relógio perfeito: esse mineral contém urânio, elemento radioativo que se transforma (decai) em chumbo, mais estável, a uma razão conhecida. Isso permite estabelecer idades absolutas.‘Os fósseis de Doushantuo estão logo abaixo de uma camada de cinzas vulcânicas de 550 milhões de anos’, disse Bowring. Isso significa que eles surgiram depois que a última glaciação da ‘bola de neve’ terminou, há 580 milhões de anos, e se diversificaram rapidamente.Datas semelhantes de rochas da Namíbia, Califórnia e Austrália sugerem que o fim da glaciação foi simultâneo em todo o planeta, ‘liberando’ a evolução para agir e criar uma multiplicidade de formas de vida. ‘Tudo isso teria acontecido nos últimos 25 milhões de anos do Pré-Cambriano’, disse o paleontólogo Thomas Fairchild, da USP.Fairchild diz que o novo estudo, é animador para cientistas brasileiros: rochas que guardam o registro do fim da ‘Terra bola de neve’ também estão presentes em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas a relação entre elas ainda não está clara. ‘Isso incentiva nossas pesquisas.’Segundo Bowring, provavelmente datam dessa época inovações biológicas como a evolução de intestinos unidirecionais, o que, curiosamente, teve um papel importante nas alterações climáticas do Cambriano.
A partir de 550 milhões de anos, os níveis de carbono orgânico nas rochas de Doushantuo (antes leito oceânico) começam a cair, e o de oxigênio a subir. O oxigênio foi crucial para o desenvolvimento de animais grandes, como os que apareceram no Cambriano.A hipótese dos cientistas é que a habilidade dos animais munidos do novo tipo de intestino de produzir fezes em pelotas acabou reduzindo a quantidade de material orgânico dissolvido na água. ‘As pelotas fecais afundam antes de oxidar. Então, o oxigênio sobe.’
Fonte:Jornal da Ciência- SBPC
Muito interassante, eu não sabia que o côcô dos animais foi tão importante.
ResponderExcluirVou repassar essa história para meus amigos.
Um abraço.
muito interessante de facto
ResponderExcluirparabéns pelo post.
Muito importante esta história e pode servir de exemplo. veja bem o maior problema que as cidades enfrentam é com esgoto doméstico, pois ele é jogado nos nossos rios sem nenhum tratamento, o Ministério Público está cobrando dos municipios ações imediatas, dinheiro para isto existe é só entrar no sait ministério das cidades e vocês verão, como retirar este dinheiro? é só apresentar projetos, se o projeto estiver adequado ai o dinheiro será liberado pela caixa economica federal, á sua história mostra estes residuos poderá ser aproveitado exemplo: para adubo organico e gás, isto gera renda e é ecológicamente correto, a cidade que não tem o tratamento de esgoto, dificilmente recebe indústrias multinacionais e outros investimentos, Ótima história parabéns Escobar
ResponderExcluirUm abraço
gostei da noticia parabéns
ResponderExcluirtenho certeza que ajudara muitas pessoas.