segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ecologia social: desenvolvimento insustentável


Estamos cansados de “meio” ambiente. Precisamos do ambiente inteiro, da comunidade terrenal. Quer dizer: não é suficiente cuidar da natureza. Urge cuidar também do ser humano, parte e parcela essencial da natureza. Como são organizadas as relações entre as pessoas e suas instituições? Como são os serviços públicos? O sistema de saúde, de educação e de comunicação? Como a sociedade organiza a sua relação com a natureza? É de forma irresponsável e exploradora, ou respeitosa? Como são distribuídos os benefícios do trabalho e o acesso aos recursos naturais? Muitos administradores embelezam as cidades com praças, monumentos e parques, mas mantêm um péssimo sistema de segurança, abandonam os hospitais, descuidam do ensino de qualidade e não montam uma estrutura adequada de água e esgoto para a cidade. É um crime contra a ecologia social.
Na reflexão ecológica vigente e na linguagem oficial, fala-se com freqüência de desenvolvimento sustentável. Por desenvolvimento sustentável se entende aquele processo que atende às necessidades da geração atual sem sacrificar o capital natural, e ao mesmo tempo toma em consideração as gerações futuras que também têm o direito de desfrutar dos bens da Terra e da cultura. Este é um ideal irrealizável dentro do atual sistema de produção mundial de cunho capitalista e neoliberal, que visa a maximalizar os ganhos, não respeita a relativa autonomia da natureza e dos seres e explora as classes, os povos e a natureza. A grande maioria da humanidade não tem uma vida sustentável, pois passa fome e é vítima da exclusão, do desemprego e de toda sorte de doenças. O que se precisa não é de um desenvolvimento sustentável, mas de uma sociedade sustentável, quer dizer, uma forma de organização social e política na qual todas as pessoas possam caber e viver com um mínimo de dignidade, com participação, com habitação, educação, saúde e segurança. Mais da metade da humanidade não goza destes benefícios mínimos.
Com referência à ecologia social, há uma dívida histórica que a sociedade organizada deve ao povo brasileiro, condenado a ser massa, sobrevivente de mil tribulações, desprezado como jeca-tatu. As elites brasileiras contam-se entre as mais atrasadas e anti-sociais do mundo, sem compaixão e piedade face à miséria histórica dos brasileiros. Esta dívida se cobra mediante a organização social, comunitária, sindical e partidária, que impõe limites à dominação e disputa o poder político para ordenar a sociedade com mais justiça societária, democracia participativa e senso de colaboração entre todos.

Fonte: www.triplov.com

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