sexta-feira, 15 de maio de 2009

Poucos adotam 'selo verde' no País


Cada vez mais exigidas das empresas e das administrações públicas na hora de fechar contratos ou parcerias, as certificações ambientais ainda são difíceis de ser reconhecidas pelos consumidores brasileiros. Os poucos produtos disponíveis no mercado com o chamado selo verde não trazem informações sobre sua origem com clareza.A diretora de estudos e pesquisa do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) de São Paulo, Valéria Rodrigues Garcia, defende que esses produtos devem informar sobre o processo que garantiu o reconhecimento da marca. Ela não se lembra de ter recebido, até hoje, nenhuma reclamação de consumidores sobre a qualidade sustentável de um produto. Mas "nada impede alguém de fazer uma denúncia se desconfiar de algum certificado".
Na opinião de Lisa Gunn, coordenadora executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a certificação é um instrumento importante na hora da compra, porque ajuda a identificar produtos de menor impacto ambiental. Mesmo assim, é preciso manter a atenção. "O consumidor tem de saber distinguir a autodeclaração da certificação, que envolve uma terceira parte (outra empresa ou certificadora)", diz ela. Também é necessário avaliar se o selo certifica um produto ou indica o sistema de gestão de determinada empresa. "Um modelo de gestão sustentável não indica, necessariamente, que o produto comercializado é ambientalmente melhor. Assim como o produto certificado não atesta a gestão sustentável de uma empresa.
"Além disso, alguns setores não têm um sistema padronizado, que ofereça informação confiável ao comprador. "A maioria dos produtos, por exemplo, ainda não informa a melhor forma de descartar a embalagem", diz Valéria.O Idec elaborou o Manual de Consumo Sustentável, adotado em 2005 como material de referência pelo Ministério da Educação para instruir professores sobre consumo e sustentabilidade. Hoje, o documento guia também vendedores e compradores com consciência ecológica. O site da instituição (idec.org.br) disponibiliza o manual para download gratuito.
Para ter ideia do tamanho da demanda por produtos ecologicamente corretos, o Instituto Akatu, que considera o consumidor como agente transformador, realizou em 2006 uma pesquisa com 1.275 pessoas em 11 cidades brasileiras.Apenas 33% dos entrevistados foram classificados como engajados ou conscientes. "O consciente é o top e entende a questão ambiental inserida no contexto coletivo. Ele compra produtos com certificado, pede nota fiscal e economiza água. O engajado está a caminho do consciente", diz Dorothy Roma, gerente de pesquisas e métricas do Akatu.

Catálogo Sustentável - A profissional de relações públicas Thaís Cavicchioli, de 21 anos, é uma das consumidoras conscientes que encontraram na internet uma boa fonte de informação sobre produtos. Antes de fazer uma compra, ela consulta o site Catálogo Sustentável (catalogosustentavel.com.br), desenvolvido pelo Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "No supermercado, é difícil ver se um produto é realmente sustentável", diz.No ar desde abril do ano passado, o site conta hoje com cerca de 560 itens cadastrados, entre produtos e serviços. Todos precisam passar por uma avaliação para entrar na lista. "Não consideramos nenhum selo verde que não tenha critérios objetivos", afirma Luciana Stocco Betiol, coordenadora do Programa de Consumo Sustentável da fundação.

Normatização - Até o próximo ano também deve ser publicado outro indicador de sustentabilidade. A Organização Internacional para Padronização (ISO, na sigla em inglês) promoverá um encontro na semana que vem, no Canadá, para produzir a versão semifinal do ISO 26.000.Entre as normas da instituição, esta será a mais sustentável até hoje, porque pretende criar padrões de responsabilidade social. "O tema é complexo. Vai de direitos humanos a governança corporativa, de meio ambiente ao direito do consumidor", diz Aron Belinky, um dos redatores principais do documento, que vai servir como uma guia de diretrizes para melhorar sistemas de gestão, e não um certificado.


Fonte:Estadão Online

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