quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Projeto Carvão Verde - Fazenda São Domingos

O INEE está apoiando um projeto para implantar uma unidade de produção de carvão vegetal (CV) utilizando o capim elefante, a ser instalada no Assen- tamento Fazenda Experimental São Domingos, em Con- ceição de Macabu, no Estado do Rio de Janeiro (unidade industrial na foto abaixo).
O objetivo é não só produzir o combustível de forma renovável e econômica, como também,criar uma nova atividade para pequenos produtores rurais.O projeto faz parte das iniciativas do INEE - Instituto Nacional de Eficiência Energética, para criar no país uma política para o uso energético da madeira e de seus derivados. A fábrica cujo início de operação está previsto para começo de 2009, foi projetada para uma produção anual de até 100 toneladas de carvão, utilizando a biomassa de uma área plantada de 12,5Ha (foto abaixo).O projeto está sendo realizado com a participação da Cooperativa São Domingos no Município de Conceição de Macabu,
composta de produtores rurais assentados, situando-se no norte do Estado do Rio de Janeiro, próxima à maior bacia petrolífera do país. A iniciativa, original do INEE, conta com o decisivo apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Energia, da TermoRio, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF (Ministério de Desenvolvimento Agrário) e da Prefeitura de Conceição de Macabu. A participação do INEE concentra-se nos aspectos conceptivo e gerencial da implantação do projeto.O equipamento é constituído por um reator (peça retangular da foto ao lado, em montagem) que é alimentado com o capim e opera em temperatura de 500ºC. Nessa condição e na ausência de ar, a água da biomassa evapora e a massa vegetal é pirolisada, isto é, convertida em três componentes:

1) gás, 2) líquido chamado alcatrão (ou bio-óleo) que se assemelha ao petróleo e, 3) carvão vegetal na forma pulverizada. O gás produzido é queimado em uma fornalha (câmara de combustão) e fornece a energia usada para manter a temperatura do reator. O alcatrão é um combustível e também pode ter diversos usos não energéticos tais como aditivo alimentar, adubo, medicamento veterinário. O CV é granulado e depois de compactado por briquetagem para ganhar o formato adequado à comercialização pode ser queimado em caldeiras ou ter uso siderúrgico.Desta forma, não há desperdício de biomassa observado no carvão vegetal de florestas plantadas ou de produção extrativa.Ao lado, à esquerda, encontra-se o carvão do capim elefante e à direita, o carvão briquetado (briquete). A foto ao lado mostra o mesmo equipamento reator acima, de pirólise da câmara de deposição dos finos (carvão do capim) e do sistema de recuperação dos bio-óleos (alcatrão), já montado.A foto abaixo ilustra o equipamento de briquetagem dos finos de carvão vegetalO projeto está sendo desenvolvido também para dar a uma comunidade de agricultura familiar uma atividade diferente e que agrega valor aos usos tradicionais.

O projeto inicial deve gerar de 10 a 14 postos de trabalho no assentamento para atender as diversas etapas da produção que vão da plantação à produção do CV. Em longo prazo o INEE estima que a unidade pode ainda fornecer o calor para usos energéticos locais tais como a secagem de grãos e frutas. A operação pode ser realizada pelo pessoal da própria comunidade.A tecnologia foi desenvolvida e patenteada pela empresa BIOWARE Tecnologia, incubada na UNICAMP, em Campinas, SP. Um dado importante é que quanto maior o reator, maior o tempo para processamento. O dimensionamento da unidade é uma solução de compromisso onde se observa uma escala de produção relativamente baixa e que absorve a produção inicial de 4 Ha de capineira. Isto indica que a produção pode ser feita de forma descentralizada e plenamente adaptada ao mundo rural.Registre-se, ainda que a produtividade do capim elefante (20 - 40 ton/Ha) é quatro ou mais vezes maior que a da madeira de eucalipto, com a vantagem de que esta leva até seis anos para o primeiro corte e o capim fica disponível em seis meses após o plantio. Estima-se, portanto que a tecnologia deva produzir um carvão em bases renováveis e com custo competitivo. Em princípio, pode operar a partir de qualquer biomassa tal como casca de coco, palhas de arroz, etc.

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