Se até agora as principais ciclovias das cidades brasileiras eram usadas apenas para o lazer – porque tinham como função ligar um parque ao outro – agora elas devem ser projetadas para que a bicicleta passe a ser um meio de transporte alternativo e bastante utilizado para se chegar ao trabalho. Pelo menos este é o objetivo do primeiro evento sobre o assunto, que começou ontem, em Brasília, e prossegue até sábado. Ele foi batizado de Bicicultura Brasil, com o slogan “bicicletas por um mundo melhor”. Segundo os organizadores, a idéia é discutir, durante os quatro dias, como tornar viável uma malha urbana onde as bicicletas possam circular com rapidez e segurança, contribuindo, inclusive, com o meio ambiente. “Temos muitos carros na rua, congestionamentos e poluição. Precisamos debater a cultura da bicicleta, pois a do carro já está posta”, afirma uma das organizadoras, Beth Davison, da ONG Rodas da Paz.
Priincipais barreiras
As principais barreiras para que a bicicleta efetivamente passe a ser incorporada como meio de transporte é a falta de espaços destinados a elas: existem ciclovias, mas essas não têm continuidade. Em muitas cidades elas começam em um bairro, por exemplo, mas ao longo do trajeto têm várias interrupções, ou ainda, não levam a lugar algum. Outro problema é a falta de estacionamentos adequados para as bikes e banheiros com chuveiros nas empresas, para que os funcionários possam tomar banho antes de começar a trabalhar. “A Bicicultura trouxe representantes de outros países, como Holanda e Colômbia (Bogotá), que conseguiram revolucionar o sistema de transportes a partir das bicicletas. Essas pessoas vão repassar as experiências por meio de palestras”, conta um dos organizadores, Yuriê Baptista César, da União de Ciclistas do Brasil. O evento conta também com a participação de gestores de trânsito de alguns estados brasileiros, que já têm projetos urbanos para bicicletas, como o Distrito Federal – que quer implantar 600 quilômetros de ciclovias – e o Rio de Janeiro, que deseja ser conhecido como o estado das bicicletas. “No Brasil, a visão de transporte está equivocada. O sonho de consumo é o carro, algumas pessoas se dizem felizes apenas quando compram um automóvel. Mas temos de pensar também nos congestionamentos e no meio ambiente”, lembra César.
Fonte:Gazeta do Povo-PR
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