terça-feira, 4 de novembro de 2008

Crise mundial já começa a afetar o setor de reciclagem de metais.

Catação em um centro de reciclagem
A crise mundial já começa a afetar o setor de reciclagem de metais, principalmente o de sucata de ferro e aço. "A expectativa no momento é que todos produzirão menos aço no próximo ano, e o preço deve cair", avalia José Arevalo Jr., presidente do Inesfa (Instituto Nacional de Empresas de Preparação de Sucata de Ferro e Aço) Segundo os industriais, grandes empresas estão paralisando investimentos do curto prazo e reprogramando produção a médio prazo, e algumas siderúrgicas --principais consumidoras do metal-- já começaram a diminuir a quantidade comprada. Como o mercado de sucata de ferro negocia os preços diariamente, em função principalmente da oferta e da demanda, a perspectiva é que o valor do metal se deprecie com o desaquecimento da economia.

Alumínio protegido

Já no setor de reciclagem de alumínio, as expectativas são contraditórias. Embora a crise também deva afetar a demanda do metal, o setor tem contratos de mais longo prazo e seu preço caiu menos na crise das commodities: enquanto o valor do níquel, por exemplo, desabou 28% no último mês e o do cobre, 21%, o do alumínio desceu 12%. Com isso, quem negocia alumínio pode se beneficiar da alta do dólar, moeda em que é definido o preço das commodities. "Se o preço não subir, espero que pelo menos não caia", diz João Maria Carneiro da Silva, diretor-vice-presidente da Cooperalto, que tem 21 cooperados e atua em Biritiba Mirim (Grande São Paulo). Como negociam o metal uma ou duas vezes por mês, as cooperativas ainda não sabem como a alta do dólar afetou o preço, diz a presidente da Associação Amigos do Tremembé (zona norte de São Paulo), Eva da Silva Ern, que reúne 20 cooperados na Cantareira Viva. Assim como Silva, ela diz que o preço do alumínio baixou com a valorização do real no ano passado e espera que ele se recupere.
Já Maria Tereza Montenegro, presidente da Cooperativa Viva Bem, que tem 72 cooperados e opera em Pinheiros, acha que a situação não vai melhorar enquanto as Bolsas de commodities não subirem. A tendência é de baixa e não de alta", concorda Artur Aires Pinto Sobral, presidente da Comércio de Sucatas Ayres Metais, que compra sucata das cooperativas.
Ele ressalva que o alumínio é um dos metais cujo preço menos varia, mas não prevê valores mais altos enquanto as cotações nas Bolsas internacionais não voltarem a subir.

Latinhas raras

Se o preço da sucata de alumínio realmente subir, isso não será necessariamente bom para os cerca de 20 mil catadores em atividade em São Paulo (3.000 deles organizados em cooperativas e associações, segundo números do Movimento Nacional dos Catadores).
Quem explica é um deles, Enildo Paulino, 45, morador de Osasco (Grande São Paulo): "A latinha some da rua. Os munícipes de mais posse continuam guardando para mim, mas os de menos posse acabam vendendo por conta própria". Silva, da Cooperalto, também nota esse movimento: "As famílias compram um engradado de latinhas e depois vendem direto para o ferro-velho, para fazer dinheiro e comprar mais refrigerante. Eles não têm consciência de que poderiam estar ajudando a mais gente". Sem o respaldo de cooperativas, os catadores avulsos, como Paulino, também estão mais sujeitos à capacidade de negociar com os ferros-velhos, a quem vendem diretamente seu produto. "Se o catador entrega direto e não bebe, o comprador paga preço justo. Mas, se bebe, paga até a metade", dez Eva Ern, da Cantareira Viva.

fonte: www.folha.com.br

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